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Dúvidas sobre a Receita Federal: posse, remoção, escolha do trabalho, repressão!

Olá! Meu nome é Diogo Moreira, sou Auditor Fiscal da Receita Federal e estou aqui para te ajudar a sair dessa “vida bandida” que é estudar para concurso.

 

Se você sonha em trabalhar na Receita Federal, certamente você possui muitas curiosidades e, até mesmo, dúvidas sobre como é trabalhar lá.

 

Nesse vídeo respondo o seguidor Rodrigo, estudante de 19 anos que cursa Ciências Aeronáuticas e que já tem o objetivo de estudar para a Receita Federal.

As dúvidas que ele tem é sobre o trabalho na Receita Federal; sobre a lotação após a aprovação e como é feita essa escolha; qual área a escolher (se é o aprovado quem escolhe ou é a própria Receita que indica); como é a rotina de trabalho; se o salário é justo ou não; e previsão de sair o próximo concurso.

Pergunta: “Sobre trabalhar na Receita com a parte da imigração ilegal, tráfico internacional de drogas/pessoas/animais etc., passando em um concurso público para Auditor-Fiscal, quais são as possibilidades de áreas de trabalho? É muito difícil ir direto para essa área?”

Prof. Diogo: A área que você almeja é a Área de Repressão ao Contrabando e Descaminho, essa área trabalha evitando que mercadorias entrem no país sem o pagamento de tributos (descaminho) e a entrada ilegal de bens que não podem ser importados (não só por não pagar os tributos, mas por ser proibida sua entrada, configurando, assim, crime) como drogas, armas etc.

Há as aduanas espalhadas pelo Brasil em diversas fronteiras com outros países e fronteiras com portos e aeroportos fazendo o controle alfandegário. Há as unidades de repressão que não são apenas os pontos de entradas, as aduanas ficam nos pontos de entrada no país, seja entrada terrestre, marítima ou aeroportuária.

Há operações de repressão que são fora desses pontos de entrada, são aquelas operações para pegar as mercadorias que entram de forma escondida no país, em ruas, avenidas, estradas de chão, rios etc. Ir direto para a área de repressão não é tão fácil.

Pergunta: “Considerando o fato de que uma pessoa tenha passado no concurso, ela escolhe uma área de interesse para trabalhar (podendo ir trabalhar lá ou não)? Ou as pessoas são designadas aleatoriamente para algumas áreas?

 

Como funciona depois que você passa em um concurso público?

 

Prof. Diogo: Passando no concurso são ofertadas diversas vagas em diversas localidades (normalmente são uma “porcaria”, você acaba indo para a fronteira em uma cidade “horrorosa”). Passei um ano morando no Chuí/RS, fronteira com Uruguai, o ponto mais sul do Brasil.

Existe a ordem de classificação no concurso para se escolher a localidade. O primeiro colocado escolhe uma vaga em uma localidade, o segundo escolhe a outra, menos aquela escolhida pelo primeiro, assim sucessivamente.

Quanto mais bem colocado melhor a chance de você escolher uma boa vaga, ou uma mais aceitável como Brasília e São Paulo, duas cidades que possuem uma grande quantidade de vagas. Antes da escolha da área de interesse há a escolha da localidade, explicada anteriormente.

Depois que você chega na localidade, por exemplo, em uma Delegacia em que há duas pessoas novas e vários lugares com carência de pessoal, o delegado verifica o setor que está em pior situação e aloca esses dois novos servidores nesse setor. Às vezes quando um novo servidor está chegando outro está saindo.

Antes do concurso externo há o concurso de remoção interna (é chamado de concurso, mas não tem prova, a pontuação é por antiguidade – se você está em um local há 365 dias, então possui 365 pontos, mas há situações em que a localidade é tão ruim que a pontuação é dobrada, ou multiplicada por 1,5).

Criam-se vagas na Receita Federal e primeiramente são ofertadas para quem já é Analista ou Auditor da Receita, ou seja, tem a “dança das cadeiras”. Lembrando que os concursos internos de Analista e Auditor são separados. Após isso, as vagas que sobram são ofertadas para o concurso externo.

Então, quando uma pessoa está saindo do Chuí/RS essa vaga será ofertada para o concurso externo e, quando novo servidor chega, o inspetor pode alocá-lo na vaga desse servidor que acabou de sair porque não é possível deixar esse “buraco” no setor.

Sua formação, experiência profissional, no que você é bom ou em que você quer trabalhar não fará a menor diferença porque existe esse “buraco” no setor e você será alocado para fechar esse “buraco”.

 

Isso acontece com frequência.

 

Quando fui para o Chuí éramos em 6 ou 8 Auditores, houve entrevistas porque havia 2 ou 3 setores vagos para alocar pessoal. De acordo com a entrevista, com o currículo, com a experiência profissional, o inspetor decidia onde cada uma ficaria.

Levou em consideração no que você é bom, em que área você queria trabalhar, mas a decisão final fica com o inspetor. No Chuí/RS havia o setor de fiscalização e repressão, eu queria ter ido para esse setor, mas não fui.

Outros dois colegas mais experientes, um deles do corpo de bombeiros e outro da área de fiscalização, foram escolhidos e eu, para despacho de importação (não era muito legal, mas…). Quais são as possibilidades de áreas de trabalho? Normalmente na fronteira e em Brasília existe repressão.

Nas cidades fronteiriças há as unidades de repressão ou nas regiões fiscais têm as suas unidades de repressão que são itinerantes. Por exemplo, se você é da primeira região são criadas operações em que você se descola para fronteira para fazer a repressão, é possível que a equipe de repressão faça o trabalho em locais diferentes e até em outros Estados.

 

É difícil ir direto para a área de repressão? Depende, é uma questão de sorte.

 

Pergunta: “Qual é a rotina de trabalho de vocês?”

Prof. Diogo: Varia enormemente, você pode ficar no despacho de importação batendo carimbo e analisando documentação numa repressão no meio do mato de madrugada para poder caçar bandido. Tem de tudo.

Aqui em Brasília, por exemplo, tem as unidades centrais que são coordenações nacionais que coordenam a elaboração e a evolução de sistemas informatizados, uma declaração que é criada e como ela evolui com o passar do tempo; tem uma coordenação mais específica para controle de seleção de contribuintes para a fiscalização; há uma coordenação ligada a área internacional com viagens internacionais, ou seja, lida com outras aduanas e também há troca de informações.

Na delegacia, há o setor de fiscalização, o setor de análise de restituições, compensações de tributos internos, o atendimento ao público, ou seja, algo mais básico. As unidades centrais estão localizadas, praticamente, em Brasília.

Há as alfândegas e aduanas para o controle de bagagem para quem chega no país via aeroporto e para o controle de cargas em fronteiras terrestres, marítimas e aéreas (em Brasília há um setor específico que analisa as cargas).

Pode ser que você não consiga sua área de interesse na primeira ou na segunda remoção, às vezes são cinco remoções para conseguir o almejado.

Pergunta: “Em relação ao salário, ele faz jus à responsabilidade da profissão?”

 Prof. Diogo: Acredito que sim. É um trabalho muito grande, complexo em alguns setores como o de fiscalização, de análise de processos, ou seja, tem que ter um conhecimento muito grande em contabilidade, direito.

Teoricamente a pessoa que passa no concurso é muito boa e capaz de realizar essas atividades. É um salário alto, mas a responsabilidade também é muito alta.

 

O trabalho que é feito reflete no Brasil inteiro.

 

Pergunta: “Existe alguma previsão de quando sai o próximo concurso? Como funciona isso? Por que demora tanto para ter mais um?”

Prof. Diogo: Pela vontade da Receita Federal, tínhamos concursos todos os anos, mesmo que fossem concursos pequenos de 20 vagas (pequena pelo histórico). O ideal é ter uma reposição anual porque todo ano tem aposentaria, tem remoção, tem demissão e, com isso, vagas vão surgindo e é interessante ter essa oxigenação.

A Receita Federal gostaria de fazer concurso pelo menos a cada dois anos e vinha fazendo assim, principalmente para Auditor (2005, 2009, 2012, 2014). O governo decide quando sai o concurso, às vezes oferece orçamento para novas contratações e às vezes, não. Em um cenário de recessão econômica o governo fica sem dinheiro e “segura” os concursos, isso vemos atualmente.

A Receita Federal é um órgão muito importante para o governo, ela é quem faz a arrecadação, por isso não vejo ficarmos muito tempo sem concurso. Espera-se que em 2020, mesmo que emergencialmente, tenhamos concurso da Receita Federal, mas na prática, ninguém sabe.

Faça sua parte, vá estudando e quando sair o concurso esteja pronto. Lembre-se: Receita Federal temos uma, mas há 27 Receitas Estaduais e milhares de Receitas Municipais todos com cargos de Auditor e com salários, às vezes, melhor que o da Receita Federal.

 

 

 

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Muito obrigado e até a próxima!

 

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Deixe seu comentário Um comentário

  • Michelle da Silva Pinto disse:

    Eu posso escolher a minha cidade natal tendo uma boa classificação no concurso como auditor? Moro no interior de Alagoas

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