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Como voltar a estudar bem depois de muitos anos | Com Susane Ribeiro

Por 28/10/2021novembro 1st, 2021Dicas, Técnicas, Videos

Olá! Meu nome é Diogo Moreira, sou Auditor Fiscal da Receita Federal e estou aqui para te ajudar a sair dessa “vida bandida” que é estudar para concurso.

Como voltar a estudar depois de muitos anos? Nessa entrevista, Susane Ribeiro (que passou em Medicina 9 anos depois de passar em vestibular pela primeira vez) dá dicas de como se comportar nessa volta aos estudos.

 

Como voltar a estudar bem depois de muitos anos.

 

Diogo: Muitas pessoas que resolvem estudar para concurso não estudam há muitos anos. A maioria nunca foi um bom aluno, teve uma base mais ou menos em Português e Matemática.

Quase todos têm nível superior, mas não eram aqueles alunos mais dedicados ou simplesmente estudaram há muito tempo e estão há muito tempo fora da faculdade e do vestibular.

Que dica você daria para essas pessoas que querem retomar depois de muito tempo? Você também encontra, certamente, alunos que querem fazer uma segunda graduação, alguma coisa assim. Como é que uma pessoa volta ao mundo do estudo de alta performance? Que dica você pode dar?

Susane: Acho que são várias coisas. A primeira é ver quem quer fazer isso. Por exemplo, ir lá no canal do Diogo entender quais são as matérias mais importantes. Ou para o vestibular, você pode ir no meu canal também. Para entender “Essas aqui são as matérias mais importantes e é por elas que eu preciso começar.”

Em vez de você começar com dez matérias para o Enem, ou para um vestibular, comece com três ou quatro. E o avanço que terá nessas é muito maior. O tempo que dedica será maior, o avanço será maior, a sua sensação de que está andando será maior também. Tudo ajuda.

E nesse começo deve-se entender que não irá do 0 ao 100 em poucos dias. Há um período para voltar a estudar. Se antes você não estudava nada, não pode esperar que no outro dia estude 8 horas e bem. Deve dar um tempo para ir se reacostumando com isso e tentar fazer essa transição da forma mais fácil o possível.

 

E não perca tempo com métodos errados.

 

Você já não tem tempo, trabalha, faz outras coisas. Se ainda fizer resumo, se fizer uma lista enorme, gigante. Aprender todos os detalhes no primeiro contato, por exemplo, assim você não evoluirá rapidamente.

E o estudo ficará lá parado, e será desestimulante. Porque quando você não vê progresso, não pensa “Eu estou indo, estou andando”. Quando não vê isso, não quererá estudar. Aí está outra coisa que é mais importante.

Acho que essas três coisas são importantes: entender as bases do seu concurso, e cada concurso será diferente – da mesma forma para o vestibular; não perder tempo com técnicas que não são muito boas; e ir aos poucos, sem o desespero de “comecei agora, então amanhã eu já tenho que colocar 10 horas para estudar”. Não. Vá aos poucos. Vá entendendo.

 

Mesmo porque a sua concentração aumentará com o treino.

 

Você nem conseguirá isso. Quando não estuda, não conseguirá estudar 10 horas direto. Você se frustrará e perderá tempo. Se dê essa chance de ir aos poucos, experimentando, e vendo o que funciona para você.

Diogo: Legal. Muito legal. Eu uso muito uma frase que é “feito é melhor do que perfeito”. Porque as pessoas chegam com o perfeccionismo de “eu preciso estudar muito bem desde o início”. Acalme-se.

É isso mesmo que você falou: vá com calma porque você não conseguirá fazer muitas horas por dia no início. Por desorganização, falta de concentração, procrastinação. Todos esses serão desafios que você superará no começo da preparação.

Temos muito também, você deve ter lido o livro da Carol Dweck, Mindset: a nova psicologia do sucesso. Ela faz a diferenciação entre mindset fixo e mindset de crescimento. E a população vive no mindset fixo.

Então começa a estudar, não está conseguindo se concentrar, logo, não presta para isso. Faz uma lista de questões no começo, erra várias, e pensa: não nasci para isso.

Fica aquela dualidade do que eu consigo e não consigo, do que eu sei e não sei, sou capaz e não sou capaz. Então é preciso virar um pouquinho para o mindset de crescimento, que é, nesse caso, “eu sou capaz de aprender e sou capaz de melhorar. Essas coisas levam tempo.

 

Então começarei mal feito, devagar, e aos poucos vou crescendo.”

 

Susane: Eu falo sobre isso também com a ideia de estudar com a faca nos dentes. Porque não será fácil. E esses pensamentos virão, essas crenças, e a própria dificuldade é como um tapa na sua cara. Você pensava que conseguiria e não conseguiu. E é desesperador, mas você deve continuar, deve vencer isso.

É muito comum na escola também – ela fala sobre isso no livro. O quanto ocorre, por exemplo, você ir mal em matemática, e então “Ah, eu sou ruim em Matemática mesmo, é melhor eu ser das humanas ou de outra matéria, porque Matemática não vai dar.”

Ou você esquece isso e pensa “Eu sou ruim, mas aprenderei, lutarei até aprender.” Eu lembro que eu era muito assim – era muito ruim em Matemática. Por exemplo, comecei a estudar números inteiros e quase fiquei de recuperação. Era horrível. 

Só que pensei “Eu vou conseguir aprender, não vou repetir, não permanecerei ruim nisso”. E era feriado, todo mundo na piscina no prédio onde eu morava e eu pensando “vou aprender isso.”

Tem até uma coisa bacana que eu li em um livro esses dias – eu esqueci o nome, depois eu te falo – que diz: o sucesso não vem do talento, vem mais dessa habilidade de você persistir, de continuar apesar da dificuldade. E isso pode ser genético. Ele falou: o dom mesmo é continuar na dificuldade, e não o dom da inteligência ou seja lá o que for.

Ele desmistifica várias pessoas, Mozart por exemplo, e outros que mandaram muito bem na área. Diz que o que importa é você ir lá e continuar, persistir, se esforçar. Não só se esforçar, mas analisar o que está errando, ver como pode melhorar.

Aí que entra, por exemplo, você ter um orientador para si. Para te falar “olhe, vá por esse caminho aqui, ou por esse outro”. Isso corta caminho, isso diminui o seu tempo de chegar aonde quer.

 

E mantém essa ideia de um esforço que te fará chegar lá. O esforço com a orientação.

 

Diogo: Legal, muito legal. Eu tenho no meu canal um vídeo falando sobre o Kobe Bryant. A história dele é mais clássica com relação a esta determinação e esta dedicação. Ele fazia um treinamento de manhã e um de tarde. Estava melhorando, e falava “E se eu fizer dois treinamentos de manhã e um de tarde? Treinarei mais o que os outros e melhorarei.”

Então ele passou a acordar às 6 horas da manhã. “E se eu fizer três treinamentos de manhã?” Então ele começou a acordar às 4 horas da manhã para treinar. E quanto mais ele treinava, melhor ficava. Esse é o mindset de crescimento.

Eu tenho dois filhos. Rafael está com cinco anos e Maria Fernanda tem dois anos e meio. É fundamental. Eu tento colocar isso na cabeça deles desde agora. “Ah, eu não consegui!” Tente de novo, vamos treinar, você precisa treinar, treinaremos até ficar bom.

“Papai, por que você desenha tão bem?” Papai treinou muito. Desenhei muitas vezes, desenhei errado, depois melhorei. Para dar essa noção de que você pode começar fazendo mal, e depois fará bem.Então pegamos o exemplo do Kobe Bryant.

E do Cristiano Ronaldo que treina absurdamente – o primeiro a chegar e o último a sair. Realmente o grande diferencial que percebemos não é o talento, o dom inato – o cara que chega atrasado no treino.

Só o Romário fazia isso na época dele. Chegava atrasado no treino (risos), não queria treinar e jogava bem. Mas para a grande maioria não. Você deve se dedicar além do normal.

 

 

SAIBA MAIS:

Como estudar muitas horas por dia? O estudo de alta performance

Cadê o concurso da Receita Federal?

Aprovada no ITA e em Medicina (USP e Unicamp) – Entrevistando Susane Ribeiro para descobrir COMO.

 

 

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